Alexandre Marchetti inaugura exposição “Euoutro e outras imagens” no Rio de Janeiro

Fotógrafo apresenta trabalhos autorais sob curadoria de Adolfo Montejo Navas

Conhecido por seus ensaios femininos e seu trabalho na Itaipu Binacional, o fotógrafo Alexandre Marchetti vai mostrar toda a versatilidade de seus 25 anos de profissão em uma exposição no Estudio Dezenove, no Rio de Janeiro. A mostra “Euoutro e outras imagens”, que será aberta neste sábado (29), tem curadoria do crítico de arte espanhol Adolfo Montejo Navas.

A exposição traz aproximadamente 90 fotos que abordam temáticas variadas: o colorido dos sinais de neon, a quietude das paisagens e o encontro com o artista em uma seleção de autorretratos.

“O que me fascina na fotografia é a ferramenta, a mídia em si. Poder trabalhar todos os dias com fotografia, em temas diferentes, é um privilégio. A fotografia é o meu instrumento, e cada tema, um desafio diferente”, explica Marchetti, paulista, morador de Foz há quase dez anos. “Essa mostra é um pouco disso.”

Luz e cor

A série Neons traz sinais fotografados ao longo de sete anos, em diferentes cidades do mundo, como Nova York, Paris e Las Vegas. As imagens foram impressas em papel metálico, que permite uma tradução da luminosidade fluida dos objetos. “As imagens formam um vocabulário de formas que reflete nossa relação ocular com o mundo, tão caleidoscópica, objetiva, porém distorcida”, avalia o curador da mostra, Adolfo Montejo Navas.

Dinamismo

Do colorido frenético dos closes dos neons, a mostra salta para uma sequência de horizontes de diferentes partes do mundo, em tons suaves, mostrando o contraponto do olhar do fotógrafo. As fotos da série estão niveladas por uma linha que corta o horizonte em uma altura diferente a cada foto.

A série Horizontes é impressa em canvas (tela), o que aproxima a fotografia ainda mais da pintura, e destaca a delicadeza das cores dos céus e mares retratados, como pinceladas sutis.

Euoutro

Para as gerações mais novas, as selfies são parte do dia a dia. Porém, não são uma novidade: desde os primórdios da fotografia, sempre houve a curiosidade e o desejo de retratar a própria imagem. Entretanto, os autorretratos da série Euoutro dão um passo além das selfies que cobrem apenas o próprio reflexo oportuno. A seleção inclui fotos construídas, que representam momentos de alegria, angústia e a fascinação pela descoberta da fotografia.

O primeiro retrato é de 1991, ano em que Marchetti, durante um intercâmbio na Austrália, começou a estudar a fundo a fotografia.

Alexandre Marchetti

Alexandre Marchetti ganhou sua primeira câmera aos seis anos. Aos 17 anos começou seus estudos em fotografia na Austrália; depois de um breve período trabalhando com fotojornalismo, em 1997 foi selecionado como bolsista no curso de design, com especialização em fotografia, da Marywood University, na Pensilvânia, EUA. De volta ao Brasil, voltou ao fotojornalismo e também atuou com fotografia editorial e publicitária, colaborando com revistas como Manequim, Exame, Veja São Paulo, VIP, Isto é Gente e veículos internacionais como L’Officiel (Paris) e In Style (Berlim).

Em 2007 mudou-se para Foz do Iguaçu, no Paraná, onde prestou concurso público e passou em primeiro lugar para a vaga de fotógrafo na Itaipu Binacional. Hoje, além de fotografar na usina, ele se dedica também a ensaios fotográficos, fine art photography, pesquisa processos e equipamentos antigos de fotografia e dá aulas de fotografia.

Adolfo Montejo Navas

Adolfo Montejo Navas nasceu em Madri e mora no Brasil há 24 anos. É poeta, crítico, curador independente, artista visual. Sua última produção são os livros Poiesis Bruscky (Cosac Naify) e Mário Carneiro (Circuito/MC) e as curadorias Fotografia transversa (Fundação Vera Chaves Barcellos) e Ana Vitória Mussi – Imagética (Paço Imperial, Rio), entre outras. Como artista, destaque para as exposições Sem título algum (2012), com Lula Wanderley e Paulo Bruscky, Outros poemas visuais (2013) e Poética & Sinais (2013), entre outras.

Coordena a Limiar edições extraordinárias e recentemente ganhou o XV Prêmio Marc Ferrez de Fotografia (na categoria reflexão crítica) e o titulo de Notório Saber pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).